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faixa Deus é amor

É chegada a hora de se encerrar a crueldade na Terra, tempo de todos os filhos de Deus unirem-se
num mesmo afeto,
num mesmo caminho e de mãos maiores auxiliarem pequenas mãos, pequenas patas, pequenos pés.

São tempos de esquecermos o corpo e vermos o espírito, esquecermos as diferenças evolutivas e vivenciarmos o amor, pois é esta a vontade de Deus, uma vez que Deus é o amor puro,
em todas as suas formas ♥

 

No Centro
Cada Um Faz o Que Quer?

 

Quase todo dirigente de uma Casa religiosa já ouviu essa frase: “no centro, cada um faz o que quer” – mas, sinceramente, não acredito que isso seja verdadeiro.

Eu tenho absoluta convicção de que tudo o que ocorre em um Centro de Umbanda está sob a supervisão dos Orixás chefes. Não há bondade, luz, fofoca ou qualquer maldade que passe desapercebida deles. Contudo, como em todos os locais, em nosso lar, nosso trabalho, nossa família, nossos amigos: o ser humano é falível, cheio de defeitos, erramos por demais. Temos o livre arbítrio e, infelizmente, na maioria das vezes, o usamos contra a nossa evolução espiritual, como quando reclamamos ao invés de tomarmos atitudes que mudem a situação do ocorrido ou quando, atolados em nossa prepotência, apontamos o erro dos outros, julgando-os, ao invés de refletirmos sobre os nossos próprios defeitos, que são tantos!

Eu prefiro pensar que todos que estão indo a um Centro de Umbanda possuem bondade no coração, pois ofertam o seu tempo para lá estarem, em vez de aproveitarem para fazer outras coisas. Eu prefiro tratar a todos, no início, como amigos e, se no futuro, alguém me causar uma grande decepção, então passo a tratá-lo apenas como colega. Isso porque, da mesma forma como já vi atitudes memoráveis das pessoas, também já presenciei e já sofri pessoalmente com algumas atitudes que acabam revelando um lado muito infeliz do ser humano.

Todos nós somos encharcados de bondades e maldades, irá prevalecer em nós o lado que mais alimentarmos com as nossas atitudes. Se algum de nós fosse o ser perfeito, não estaria nesse planeta. Aliás, por vezes, encarna na Terra alguns seres iluminados para nos ajudarem na caminhada, como Chico Xavier, os santos e pessoas que se doam ao máximo aos outros, esquecendo-se de si próprias. Não tenhamos a arrogância de pensar que algum de nós está nesse rol iluminado.

Todos temos que tomar mais cuidado com o que falamos dos outros, pois a palavra tem um poder que poucos conhecem. Se todos nós reconhecêssemos o poder do verbo, da palavra, certamente vigiaríamos mais a nossa boca e as nossas atitudes, reclamaríamos menos, pois absolutamente todo o mal que causamos aos outros com as nossas palavras, volta a nós até que o nosso espírito consiga entender o erro e consertá-lo. Enquanto esse sincero entendimento e arrependimento não ocorrer por completo, o ciclo se repetirá (e é comum esse ciclo se estender por diversas encarnações). 

Incontáveis vezes, nos achamos tão injustiçados pela situação em que estamos que esquecemos que os outros também têm sentimentos e que devem ser respeitados. Rebater uma atitude negativa com outra negativa só demonstra a nossa inferioridade diante da espiritualidade. Já ouvimos a célebre frase: “de boas intenções, o inferno está cheio” = eu diria que está lotado! Sim, pois muitas vezes, falamos algo ou tomamos uma atitude baseada em uma má fase nossa, ou em uma fofoca contada por alguém em que confiamos e, então, fazemos algo sendo que, mais tarde, verificamos que as coisas não eram bem assim. Então, nós mesmo nos perdoamos, dizendo que não tínhamos a intenção de causar o mal, que fulano que me disse determinada coisa etc. – absolutamente nada elimina a nossa culpa, nem subtrai esse nosso débito, nem mesmo o perdão da pessoa que sofreu a fofoca ou a agressão. E por isso existe a roda das reencarnações para que possamos nos depurar por completo (através do nosso sofrimento) até que estejamos aptos a continuar a nossa jornada em uma planeta mais evoluído. 

Eu não sou uma pessoa de muitas palavras, pois prefiro atitudes, uma vez que falar é sempre muitíssimo fácil, mas fazer é só para pessoas com fibras na alma. Já ouvi, nesses anos todos, muitas queixas de todos os médiuns que estão no centro, queixas de uns contra os outros e jamais passei isso adiante, pois se eu não consigo aproximar as pessoas com os meus atos e palavras, jamais farei algo para afastá-las ainda mais.

Quando entramos em um centro, ou em qualquer outra comunidade religiosa, temos a impressão de que lá não haverá fofoca, preconceito etc. e de que todos estarão de coração aberto. Depois de um tempo nos decepcionamos, pois percebemos que, apesar dali ser um local sagrado, as pessoas que lá estão são humanas e seres humanos são repletos de falhas. E, quando vamos ao centro ou outro local religioso, não nos despimos de nossas frustações e, mesmo assim, ainda nos espantamos quando vemos que os outros estão com o seu coração tão fechado como o nosso.

Com o tempo, duas coisas podem ocorrer: ou a pessoa (que for fervorosa) aprende intimamente sobre a falibilidade humana e procura aproveitar o seu tempo para se melhorar, ou então segue o seu caminho do mesmo jeito, achando-se sempre superior a todos, achando que sabe mais, que é o mais perfeito e que todos necessitam de sua bela presença no local.

Em todos esses anos, já vi de tudo nessas duas versões. Já vi pessoas que, apesar de ainda serem imperfeitas como humanos, procuraram verdadeiramente lapidar a sua vida e o seu coração. Já vi pessoas estagnadas, ou seja, da mesma forma como entraram, continuaram, pensando que somente o fato de estarem no centro doando o seu tempo já seria o bastante para se espiritualizarem, se esquecendo de que o desenvolvimento da mediunidade é um carma (dever) assumido por nós enquanto espíritos e que apenas isso não basta para evoluirmos, é preciso que as nossas atitudes, as nossas palavras exprimam um caráter mais bondoso, mais generoso, mais caridoso. Já vi pessoas demonstrarem atitudes tão pobres, de muito preconceito com os mais novos, esquecendo-se das dores que elas mesmas já passaram em sua vida com a discriminação que outras pessoas lhes fizeram ou a seus entes queridos. E já vi pessoas realmente com a alma negra que, graças a Deus, os Orixás sempre deram um jeitinho para afastá-las do nosso convívio.

Eu acho que cada um de nós tem que verificar, de peito aberto, em que categoria está. Quem erra, na maioria das vezes, erra sabendo que está errando: erra por raiva, inveja ou outro sentimento pequeno, quer causar dor naquele que ‘supostamente’ lhe causou um desconforto, esquecendo-se de tentar enxergar mais a fundo a situação.

Gostaria de enfatizar, por achar extremamente importante para a evolução de todos nós, que devemos ter muita precaução com nossas atitudes, com aquilo que falamos e pensamos. Se tomarmos atitudes impensadas, falarmos coisas sem passar pela censura de nossa consciência, correremos o grande risco de sermos injustos, ingratos e causarmos muita dor, tristeza e sofrimento a outras pessoas, especialmente para aquelas que, muitas vezes, fizeram tanto por nós.

Nunca fale alguma coisa sem refletir muito. As palavras têm poder e força. Podem derrubar uma pessoa emocional e moralmente. Depois que tivermos causado o estrago, ainda que venhamos a nos arrepender, o mal estará feito e chegará o dia de prestarmos conta daquilo que fizemos. No astral, ao tomarmos consciência das nossas atitudes mesquinhas, sentiremos muito remorso e não há sentimento pior, nem mais incapacitante a um espírito, do que este.

Por isso, cuidemos de nossas atitudes, das palavras que dirigimos à alguém, de como agimos com os outros. Não nos esqueçamos de que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Tratem a todos com amor, carinho e respeito e você será o maior beneficiado. Pensem nisso.

Vocês já viram ocorrer um milagre? Eu já, e não só um. E por isso eu estou até hoje no centro, com uma fé infinita. Eu tenho uma gratidão imensa por tudo o que já vi ocorrer ali e na minha vida. Milagres, algo tão difícil de ser visto e eu já os vi, sou grata demais!!! E, talvez por ser grata, eu continue sendo merecedora de ver esses milagres acontecerem. E quando eu digo milagre, quero realmente dizer milagre: algo inexplicado aos olhos humanos, mas comprovado pelos meios científicos. 

Estou dizendo isso apenas para pedir a todos para terem mais fé. Quando realmente temos fé, temos um coração mais bondoso e isso nos impede de ficarmos falando mal dos outros, uma vez que reconhecemos a nossa própria limitação nesse mundo. O conselho que posso vos dar é: antes de apontar o dedo para alguém e dizer que fulano é falso, é invejoso, é ruim ou que está fingindo receber um Guia, volte o seu dedo para vocês mesmos e percebam que estão julgando – sim, gostamos de dizer que não julgamos ninguém, mas julgamos sim, a quase todo momento, pois somos ainda muito imperfeitos.

Na vida, devemos observar o lado bom das pessoas e copiá-los, e ao verificar uma falha de alguém, temos que tentar jamais repeti-la. Então, no centro, se eu acho que fulano é falso, eu não vou ser falso, pois se eu agir falsamente, estarei me igualando a ele e esticando a maldade – viram como é uma corrente difícil de quebrar? Então, se acho que fulano é invejoso e fico falando aos outros que fulano é invejoso, na verdade, eu sou mais invejoso ainda, pois estarei tentando influenciar pessoas mais despreparadas a aceitarem o meu julgamento contra alguém que nem pode se defender, por não saber dos meus pensamentos.

Na prática, se eu acho que alguém está mistificando, duas atitudes eu posso tomar: ou silencio a respeito, aceitando a minha própria falibilidade, ou falo essa minha impressão com a Mãe de Santo e pergunto se há algo que eu possa fazer a respeito para ajudar a essa pessoa. Não há uma terceira opção, mas a gente sabe que muitas vezes, há o ‘mimimi’ sobre esse assunto, pois para alguns é ‘gostoso’ apontar as falhas dos outros. E isso é errado, pois essa atitude de fofoquinhas não leva ao engrandecimento de ninguém, ao contrário, como eu disse acima, essas palavras mal ditas acabam retornando para a vida daqueles que a proferiram.

Por vezes, vemos pessoas abatidas e que necessitam passar por descarregos mais enfáticos por terem, através de suas próprias ações, atraídos para o seu campo áureo energias pesadas. E esses nossos irmãos, em sua pequena sabedoria, apostam que estão sofrendo ataques espirituais mandados por seus inimigos quando, não rara as vezes, estão tão somente recebendo de volta a mesma energia negativa que emanaram de suas próprias atitudes preconceituosas e injustas contra outrem.

Outro exemplo: eu acho que fulano está faltando muito e, como me esforço demais para ir ao centro e não recebo um agradecimento especial por isso, acabo também começando a faltar. Já vi ocorrer muito, mas isso só denota a pouca fé da pessoa. Se eu acho que fulano falta demais, então vou me esforçar ainda mais para jamais faltar, pois assim, quem sabe, esse fulano consiga aprender, um dia, com a minha atitude. E se não aprender? Bom, aí já não é mais o nosso problema, uma vez que a nossa parte em relação ao centro e às nossas responsabilidades estará sendo devidamente cumprida.

Outro exemplo: “X” diz ao médium “Y” que eu falei mal dele (sou “Z”). Bom, em primeiro lugar, isso quer dizer que “X” é falso comigo, pois se fosse meu amigo, em vez de ir fofocar com “Y”, iria perguntar a mim (“Z”) o motivo de eu estar dizendo aquilo e iria me mostrar que eu estou errado. Em segundo lugar, muito cuidado, aquele que fala mal de outro para você, com certeza também já falou ou falará mal de você a outros também – isso é fato!!! Quem quer ajudar, não fofoca, pois fofoca não ajuda nunca. E se o médium “Y” acredita no que “X” lhe disse, sem apurar o caráter de “Z”, então está demonstrando afinidade na maldade de “X”, simplesmente. E, sem a menor sombra de dúvida, o universo lhes fará passar pela mesma dor que eles proporcionaram ao "Z" - é a tão conhecida Lei do Retorno.

É muito difícil alguém vir contar uma fofoca para mim e sabem o motivo disso? Porque eu não estou aberta a esse tipo tão baixo de pensamentos. No meu entender, se alguém vier me dizer que fulano falou mal de mim, eu vou olhar bem para essa pessoa e lhe dizer que, se isso realmente ocorreu, porque esse fulano ficou tão confortável em falar mal de mim perto dela, ou seja, porque ela não me defendeu, se é assim tão minha amiga? Na minha opinião, se alguém gosta de mim, me defenderá. Se fica constrangida em me defender, então prefiro que nem me venha desfilar o seu veneno, pois isso em nada me ajudará. De fato, não gosto de fofocas, não faço fofoca, não gosto de ouvir fofoca e me distancio de fofoqueiros, pois fofoqueiros são pessoas que se auto titulam ‘amigos’ perfeitos, mas mentem sobre o que melhor atender os seus anseios.

Algumas pessoas falam mal de outras e se justificam, dizendo que não estão fazendo fofoca. Então, para explicar bem o tema, posso dizer que se eu chegar para alguém e dizer que eu não gosto de fulano porque o acho esnobe, isso não é fofoca, estarei apenas dando o meu ponto de vista a respeito dessa pessoa (vou estar julgando-a, mas é o meu julgamento contra fulano). Contudo, se eu chegar para alguém e dizer que eu ouvi fulano falar mal dela, então eu estarei fazendo uma fofoca, pois eu sou uma terceira pessoa na conversa, estarei passando um ponto de vista que não é meu. Portanto, quem faz esse tipo de atitude tão lamentável é um fofoqueiro. E quem acredita em quem faz uma fofoca, é igualmente fofoqueiro.

Nós vivemos reclamando de injustiças a nós, a nossos entes queridos, no nosso trabalho, em nossa família, mas vivemos causando injustiça e dor nos outros. Dizemos que não temos preconceitos, mas vivemos tratando as pessoas no centro com preconceitos (como se fossem inferiores a nós), dizemos que não julgamos ninguém e vivemos apontando as falhas dos outros, esquecendo-se das nossas, dizemos que não gostamos de fofoca e quantos tentam separar o elo de amizade entre os irmãos do centro, com engodos criados por suas frágeis ilusões.

O bom é que sempre é tempo para aprender, quando há inteligência e força de vontade. O importante é cada um nós vigiar os próprios pensamentos e a boca, é fazer as coisas com o coração aberto e da maneira correta, seguindo os regramentos que todos têm conhecimento. E deixem para lá se o outro não está cumprindo essas regras, se o outro, em sua prepotência, se achar tão superior a ponto de ‘fazer o que quiser’, deixem ele para lá, o problema é dele que, em vez de aproveitar o tempo em que está no centro para se elevar, estará tão somente perdendo uma preciosa oportunidade que, mais adiante, lhe causará um enorme arrependimento, isso é certo, todos os Orixás são unânimes em nos ensinar essa lição.

O dirigente, sendo a Mãe/Pai de Santo, nunca será perfeito, dirigente de nenhuma religião será perfeito, assim como nenhum dos médiuns é imaculado, pois todos são humanos. Contudo, é óbvio que uma pessoa que já está há mais de trinta anos doando não só as noites de sexta, mas vários dias na semana para que, às sextas, a gira possa acontecer com a ancoragem necessária, é alguém que tem mais conhecimento do qualquer um de nós.

O dirigente sempre tem que estar na gira, atravessando uma fase boa ou má, estando com a saúde equilibrada ou não. Não há cansaço, não há fadiga para o dirigente. Ele é obrigado a ver a atitude pequena das pessoas falando mal uma das outras e silenciar, procurando demonstrar em atitudes o que é correto a se fazer e ter a necessária paciência para esperar o engrandecimento espiritual do médium. O dirigente é obrigado a estar presente nos dias em que há um trabalho já marcado, neste dia, ele não pode ligar dizendo que vai se atrasar, ou que está muito cansado ou que o pneu furou: ele não pode, pois ele tem a consciência da responsabilidade assumida com aquele que tem o trabalho a ser feito. O dirigente é obrigado a ver pessoas a quem ele tanto ajudou, tanto rezou, falando mal de sua própria família e silenciar a respeito, esperando que o tempo ensine ao filho de santo que não se deve agir de forma tão leviana.

Mas porque o dirigente é obrigado a suportar tudo isso? Porque ele tem a responsabilidade de comandar a gira e tem que estar sempre de coração aberto para ajudar a quem recorrer a ele. E o dirigente não pode fugir dessa responsabilidade, senão o centro fecha, ao passo que nem todos os médiuns conseguem, de fato, entender e vivenciar essas responsabilidades.

Certa vez, em um grupo religioso, li o depoimento de uma médium que se dizia indignada e chateada porque a sua mãe de santo não entendia o seu problema: ela dizia que era casada, tinha um filho pequeno e que, por isso, nem sempre podia ir à gira e, às vezes, chegava atrasada. Dizia que não acontecia sempre, mas que também em alguns dias de corrente marcada, ela era ‘obrigada’ a ligar e se desculpar porque, apesar de haver dito que estaria presente, não poderia comparecer. E ela estava muito chateada porque o dirigente espiritual lhe havia chamado a atenção para o fato de estar faltando com a sua responsabilidade. Essa pessoa, acho que estava acostumada a se manifestar em grupos que há outros afins a esse seu entendimento, mas no grupo em que eu estava, ela não obteve esse contento: os depoimentos que se seguiram foram unânimes em lhe dizer que ela deveria repensar em ser médium, porque ser médium não é só vestir a roupa branca e ir à sessão quando vivemos tempos tranquilos.

As responsabilidades de um médium vão desde o momento que o centro é aberto para a limpeza até o momento em que a gira acaba e a última pessoa sai. Claro que, na maioria das vezes, por bondade do dirigente, a sua obrigação só se atém aos dias das giras, mas então, estes dias devem-lhe ser sagrados. Para os médiuns, os dias das giras devem ser como se tivéssemos marcado um médico para o nosso filho doente: não há visita, viagem, festa e nada que nos faça deixar de levar um filho doente ao médico, não é? Por que não? Porque o amamos, queremos que ele fique bem e sabemos que é a nossa responsabilidade levá-lo ao médico. Pois bem: essa é a atitude de um verdadeiro médium: ele tem o conhecimento de que não pode faltar por preguiça (pois cansaço e fase ruim todos temos), nem pode faltar por não colocar o dia da gira em primeiro lugar na sua agenda de obrigações. E o que os colegas escrevam à essa garota é que, se ela não tem tempo, então deveria se afastar, voltar ao centro tão somente como consulente, nos dias em que estivesse disponível.

Quando eu estava lendo todos os depoimentos, imediatamente me identifiquei com as respostas que estavam sendo dadas, mas por um instante, tentei me colocar no lugar da garota: talvez ela gostasse mesmo da Umbanda, de ser médium, de estar na gira – mas ela achava que o fato de ir lá por vezes seria o suficiente para o dirigente ficar feliz com a sua presença. E aí, se o dirigente não fala nada, volta a ouvir a frase: “cada um faz o que quer” – e outros mais fracos acabam imitando essa atitude ruim. Para a garota, realmente, deveria ser muito bom não precisar ir ao centro quando estivesse em casa sobrecarregada, quando tivesse festas ou quando o filho e o marido quisessem passear. De outro lado, nos dias em que estivesse mais disponível, poderia ir ao centro, receber os seus Guias, por o papo em dia com os colegas e sair de lá com a sensação de dever cumprido. Mas será que só ela é que precisa fazer sacrifícios para lá estar? Só ela tem outras responsabilidades, fadiga, tristezas? E o dirigente, pode alegar isso para também afastar-se nos dias em que quiser, nos dias de correntes, nos dias de limpeza? O fato é que, se a pessoa gosta da Umbanda, é bonito e gostoso dizer: “eu sou médium”; no entanto, nem todos podemos dizer isso.

O que eu tenho aprendido ao longo de mais de trinta anos é que não é fácil ser dirigente, tem que ter o coração aberto, paciência e muita, mas muita fé para continuar em sua jornada, pois assim como nem todos os filhos de sangue respeitam os seus pais de sangue, nem todos os médiuns respeitam o seu Pai/Mãe de santo. Contudo, de lado oposto, quando o dirigente encontra um filho que lhe ama e respeita verdadeiramente, cria um dos vínculos mais lindos que eu já presenciei e esse vínculo é eterno, pois o amor sobrevive à morte física e nos acompanha por toda a eternidade.

Enfim, quando estivermos passando por uma fase de dificuldades, não tentemos levar aos outros as nossas tristezas, com atitudes infelizes oriundas de deslizes do nosso caráter. Temos que ter em mente que todo ser humano, absolutamente todo, sem exceção, tem uma vida repleta de vicissitudes e, diante de um obstáculo, temos que pensar que isso é apenas um teste para a nossa fé e para o nosso caráter. Não devemos desanimar, apesar de às vezes parecer não haver luz no fim do túnel.

É muito bom quando os médiuns conseguem se despir de seus preconceitos tão tacanhas e, ao menos durante a gira, tratar aos outros com respeito e, quem sabe, até com carinho. Todo médium, independentemente de ser neófito ou antigo no centro, merece ser respeitado pelos demais, pois uma Casa religiosa é, antes de mais nada, uma egrégora, uma família e todos devem se respeitar entre si.

Mesmo entre os Guias tem que haver o respeito e uma postura de reverência ao Guia chefe da casa, respeito atribuído por ser o enviado de Oxalá para dirigir aquela Casa religiosa. E isso é tão bonito de se ver, essa atitude de respeito é um sinal de que realmente ali há a presença de Guias Espirituais.

Cada religião tem as suas doutrinas, mas em todas o respeito é primordial. O respeito é tudo na casa religiosa, sem respeito não andamos, não conseguimos conquistar nossos objetivos, ninguém consegue do outro nada com ignorância.

Até para se ensinar sobre posturas, devemos primeiro nos colocar no lugar do outro e tratar o outro como gostaríamos de sermos tratados: algo tão simples, mas parece que está sendo algo muito difícil de ser aprendido na atualidade.

Enfim, pela milésima vez vou deixar bem claro: defeitos todos têm. Respeitar, verdadeiramente, as diferenças e entender que os nossos irmãos, assim como nós, são sujeitos a falhas é o que podemos chamar de "a chave para o crescimento". A partir do momento em que nos dispomos a trabalhar num Terreiro de Umbanda, devemos estar cientes de que toda Casa tem suas regras e organização próprias. Para vivermos bem em sociedade, respeitar essas regras é primordial, assim como é essencial o respeito que devemos ter para com os dirigentes da organização à qual nos dedicamos e aos seus regramentos. Na verdade, o respeito a qualquer membro da Casa ou do Terreiro em que se trabalhe é fundamental, já que, além da experiência de vida que cada um tem e que não deve ser desprezada, todos ali deixam de lado momentos de sua vida particular para se dedicarem ao próximo, buscando a sua evolução.

E, assim também no centro, um último conselho que posso oferecer, e que realmente procuro sempre ter em mente: persevere na sua fé, mesmo diante das injustiças dos outros, da falta de amizade, de ausência do reconhecimento pelo seu esforço: não desanime, não se renda, não desista jamais. Não pare de fazer o que é correto em vista da preguiça dos demais, não pare no primeiro degrau da ascensão. Se a dúvida o assaltar, se a tristeza bater à sua porta, se a calúnia o ferir, erga a sua cabeça corajosamente e contemple o céu iluminado: embora recoberto de nuvens, você sabe que elas passarão e o sol voltará a brilhar.

Portanto, siga em frente, firme e forte, não se deixe derrotar em situação alguma. A derrota depende de nós, tanto quanto a vitória. Entretanto, a pior derrota é a de quem desanima. Perder nem sempre é ser derrotado, às vezes, é preciso perdermos algumas batalhas para, ao final, ganharmos a guerra. Não desanime jamais! Siga em frente corajosamente, pois a vitória sorri somente àqueles que não pararam no meio da estrada.

Vivamos bem para que a vida possa nos oferecer o bem.

A todos: a paz, o bem e o amor também, axé!

 

ser luz

NÃO RECLAME DAS SOMBRAS, SEJA SÁBIO, FAÇA A LUZ!